Um pouco de beleza, para variar (5)

A despeito, alheias, cagando e andando para a selva de pedra que tenta asfixiá-las, a Natureza e a Evolução contam com suas armadas de resistência, com seus exércitos de farda verde-clorofila. E infiltra seus comandados nos lugares mais inusitados e menos prováveis, como pequenos e discretos lembretes a nos dizerem : vocês passarão.

O belo pé de maracujá da foto abaixo nasceu à margem do asfalto, aos pés de um oitizeiro plantado ao concreto frio e impessoal de uma calçada. Começou tomando toda a árvore em rápida escalada, insaciável em sua sobrevivência e em se deitar e se espreguiçar sob o céu, estendeu seus ramos e gavinhas pela fiação telefônica adjacente.

Passo pela viçosa passiflora todos os dias rumo ao trabalho; não raro, surrupio algumas de suas folhas para um aconchegante chá noturno. E, agora, nessa semana, a bela trepadeira entrou no cio, virou “mocinha”, abriu-se em florada, descerrou suas pétalas para ser tomada, violada, fecundada pelas abelhas e outros pretendentes.

A flor do maracujá é chamada também de a flor da paixão – daí, do latim, o seu nome científico, Passiflora.

Discordo.

Nenhuma paixão humana é tão bonita e perfeita assim.

Tampouco tão fértil e frutificadora

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