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Bacalhau ao leite de salmão

Muitas tribos indígenas brasileiras, os poderosos tupinambás entre elas, eram adeptas da prática da antropofagia.

Com a chegada dos portugueses e a pregação goela abaixo dos valores cristãos, tal prática foi sendo abolida até o seu total desuso. Daí para frente, os únicos corpo e sangue consumidos pelos indígenas passou a ser o do Nazareno.

Vulgarmente, antropofagia e canibalismo são tomados como sinônimos. Não são. Canibalismo é um ato puramente predatório do mais forte se alimentando do mais fraco de sua própria espécie, saciando sua fome orgânica. O canibalismo ocorre entre diversas espécies : ratos, piranhas, aranhas, louva-a-deuses.

A antropofagia, que só ocorre entre seres humanos, nada tem a ver com a questão alimentar, com a fome, com a necessidade de nutrientes. A antropofagia é um ritual. De apropriação dos dons do inimigo. E não era qualquer um a ser devorado. Apenas aos guerreiros mais fortes, mais hábeis e mais corajosos era dada a honra de virar churrasco, de ser degustado como tira-gosto de um bom copo de cauim.

Os indígenas acreditavam que, ao ingerirem a carne de um bravo guerreiro, estavam também a adquirir sua força e suas habilidades. Para os indígenas, acostumados ao bem-bom da natureza tudo lhes prover, era só chegar e coletar, a antropofagia era uma espécie de extrativismo de atributos e qualidades.

Ao invés de cada índio suar e treinar suas habilidades de guerreiro e de caçador, ao invés de ralar para se aprimorar, era mais fácil comer a carne do outro e, supostamente, abiscoitar seus dotes. De onde se vê que o tal do jeitinho e da malandragem tupiniquim existem desde sempre.

O que os indígenas faziam é antropofagia; o que os sobreviventes do famoso desastre aéreo nos Andes fizeram, ao se alimentarem dos que sucumbiram na queda, é canibalismo.

Portanto, o homem (e aqui me refiro ao macho da especie) sempre esteve de olho na superioridade física e/ou viril de outros homens, e num jeito de usurpá-la para si.

E não somente nas faculdades superiores de outros humanos. Animais fisicamente fracos que somos, morremos de inveja também dos maiores dotes de outros animais, sobretudo no quesito virilidade.

Há séculos que esses animais são sacrificados para que deles se obtenha uma pequena parte a ser consumida, a dita com os tais poderes paudurescentes, com o propósito de lhes absorver as suas robustezas e pujanças.

A tristes exemplos, temos : a sopa de pinto de tigre e pinto de leão-marinho; sopas e infusões de barbatanas de tubarão; pó de chifre de rinoceronte; tônico fortificante de cavalo-marinho, que é desidratado e, depois, infundido em álcool; a glândula dos cervídeos responsável pela produção do almíscar, do qual se extrai uma essência para ser usada como perfume e atrair as fêmeas; e o pinto do boto amazônico, desidratado e usado como amuleto para trazer a sorte e uma penca de bucetinhas.

Essas atrocidades, no entanto, esses atos hediondos, são fruto da ignorância e da truculência próprias do macho da espécie, certo? Desse ser impiedoso, opressor e patriarcal chamado homem, não é? Talvez fosse… talvez fora…

Hoje, em tempos de justa e inquestionável igualdade de direitos, muitas mulheres, ao invés de aproveitarem sua liberdade, sua independência e seu empoderamento para aprimorarem suas sensibilidades, as suas qualidades inequivocamente superiores às nossas, acabam por mimetizar justamente os piores atributos do macho.

Assim, atualmente, as mulheres também estão atentas e de olho a certos poderes dos animais com a intenção de incorporá-los e, feito o homem, tornarem-se as fodonas, as metelonas, as comedoras. Aumentarem o poderio bélico de suas xavascas e de seus furores uterinos, o famoso calor na bacurinha.

A vítima dessa busca pela igualdade viril feminina é o salmão. 

Muitas mulheres tem pagado o equivalente a R$ 3.200,00 para que sêmen de salmão lhes seja injetado na perseguida, a fim de melhorarem suas vidas sexuais. Sêmen de salmão ?!?!? Como exclamaria um amigo meu : – poooorra!!!

Sim, que melhores qualidades podem ser concedidas a uma xavasca que as características físicas de um salmão, peixe de musculatura rija e robusta, corpo elástico e flexível, capar de transpor as mais íngremes e caudalosas corredeiras?

A terapia, tida como regenerativa, está a ganhar grande espaço na Inglaterra e nos EUA e o procedimento é chamado de O-shot. Que, caso emplaque aqui no Brasil, será livremente traduzido para O-xota. 

A enfermeira estética Amanda Azzopardi garante que depois de duas a quatro sessões os resultados já são sentidos e que as clientes relatam orgasmos mais fortes, aumento da excitação e da lubrificação natural.

Os defensores do O-xota garantem que o método rejuvenesce a pitrica. De acordo com a empresa sul-coreana Peach & Lily, especialista em porra de peixe, “o sêmen de salmão tem potentes qualidades regenerativas, trabalhando não no nível superficial, mas penetrando profundamente na pele para trabalhar de dentro para fora, estimulando a renovação celular que, por sua vez, ajuda a firmar a pele e a manter sua elasticidade”.

E a porra do salmão pode ser besuntada em qualquer porção da pele, transferindo a ela seus poderes regenerativos e anti-inflamatórios.

“Um estudo, realizado em 2017, demonstrou que o esperma do salmão ajudou a reparar danos celulares, acelerou a cicatrização de feridas e diminuiu a inflamação. Outros estudos mostraram que as proteínas encontradas no esperma do salmão ajudam a reduzir os sinais de envelhecimento”, disse o dermatologista Kenneth Beer, ao NY Post.

Nos EUA, o O-xota ganhou notoriedade através da atriz Jennifer Anniston, a Rachel Green dos Friends, depois dela ter revelado que experimentou um tratamento facial à base de porra de salmão.

Rapaz, o que está a acontecer é que essa mulherada não está encontrando quem saiba lhes dar uma boa pirocada. Estão é com falta de um chá de pau-barbado (e não depiladinho e hidratado com Nívea). Uma surra de pica. Umas chibatadas de rola na cara!!!

Pãããããta que o pariu.

Pendurando o apagador

Cinquenta anos de sala de aula. Vinte e oito e meio como professor, vinte e cinco só de escola pública.

Ninguém que exerça uma mesma profissão durante tanto tempo chega a essa altura da vida com grandes esperanças ou animações para com seu ofício – senão frustrações. Mesmo que seja um ofício respeitado, um serviço buscado e requisitado por quem dele prescinde.

Um médico não consulta e trata quem não quer ser curado, ninguém é obrigado a ir a um médico, quando o fazem, querem estar lá, serão todos ouvidos e gratidão a ele, mesmo que o desgraçado atrase umas duas horas, como é de praxe, pelo menos no Brasil, entre os integrantes dessa máfia branca. O mesmo vale para quem busca os préstimos de um advogado, de um engenheiro, de um decorador, de um pedreiro, de um eletricista, de um farmacêutico, de um pintor de paredes, de uma costureira.

Mesmo a esses, depois de anos e anos em suas ocupações laborais, duvido que não os acometam o fastio e o marasmo profissional.

O que dizer, então, de uma profissão que, praticamente, ninguém buscaria, pelo menos no Brasil, se lhe fosse dada tal opção? O que dizer, então, de uma profissão que se impõe por lei, um profissional cujo serviço você tenha que receber sem que ele corresponda minimamente às suas necessidades, ou ao que você julga ser as suas necessidades, o que, na prática, dá na mesma?

Seria o médico querer lhe remover o apêndice sem que o seu vestigial órgão esteja infeccionado. Querer meter-lhe o dedo no cu sem que você esteja com problemas na próstata, querer operar sua fimose mesmo você sendo mulher (se bem que hoje em dia…).

Atualmente, e já há umas quase duas décadas, essa profissão de que falo, menos útil e requisitada que a de um cara que desentope privadas, é a de professor, sobretudo o de escola pública.

Essa atual geração – e também as duas que a precederam – desinteressou-se por completo dos serviços que a escola pública tem para lhe ofertar. O porquê disso? Já pensei muito sobre e, hoje, sinceramente, pouco me importa, pouco se me dá, uma vez que é um quadro irreversível, terminal.

Noventa por cento do alunado não vê sentido em se sentar diariamente, por sete aulas, nos bancos escolares. Sinceramente? Nem eu mais vejo. Estão ali por interesses governamentais de propaganda política, para servirem de estatísticas, por força de uma lei que levaria seus pais ou responsáveis às barras de um tribunal caso deixassem seus rebentos evadirem-se da escola e irem cuidar da vida e de seus interesses (estudar não é para todos), para suas famílias receberem os mais diversas esmolas governamentais por terem seus filhos matriculados. Menos por interesse. Ainda menos para aprender.

Assim, o aluno conversa o tempo todo, senta-se de costas para o professor, come em sala de aula, faz as unhas em sala de aula, telefona em sala de aula, namora em sala de aula, ouve música em sala de aula, joga em seu celular em sala de aula, grava vídeos do Tik Tok nos corredores da escola. O aluno odeia a escola. Ele odeia os professores.

Retomando : se mesmo sobre profissionais prestigiados e requisitados pela população, volta e meia, se abatem o enfado e a frustração, o que dizer, pois, de  um profissional odiado, desvalorizado moral, social e financeiramente pelos governos e, sobretudo, pela própria sociedade? De um profissional que é persona non grata em seu próprio ambiente de trabalho, um indesejado entre aqueles aos quais, um dia, se dispôs a orientar?

O sujeito não aguenta. Quebra. Surta. Como eu surtei no ano passado. Vi-me numa situação nunca antes imaginada, a de estar frente a uma psiquiatra a prescrever-me medicação tarja preta e a emitir meu atestado de desequilibrado mental. Isso completou já um ano e continuo a me medicar desde então. Paliativo que também não opera nenhum milagre. Ajuda, sim, é bem verdade, mas não resolve, e mesmo com eles continuo a ter meus médios e baixos.

Paralelo ao tratamento, decidi que deveria começar a mexer meus pauzinhos para tentar sair da sala de aula, ambiente hostil, insalubre e foco principal de meu desequilíbrio. A questão é que meu pauzinho, além de torto, é curto. De curto alcance. Nunca tive uma rede de relacionamentos profissionais. Mais ranzinza e antissocial que o Urtigão e há vinte e tantos anos no serviço público, é possível dizer que não tenho nenhum contato que pudesse ajudar a me recolocar profissionalmente, ainda mais passado dos cinquenta que estou. Não conheço praticamente ninguém. Praticamente…

Acorri às duas únicas opções que se me aventaram. Primeiro, voltei à faculdade em que me formei, lugar que, entre trabalhar e estudar, eu fiquei por quase 10 anos, ou seja, fui falar com pessoas que me conheceram tanto como funcionário quanto como aluno, exemplares nos dois casos. Tenho que pedir emprego para quem conhece minha capacidade e comprometimento. Fui tentar um serviço de técnico de laboratório. O bom e velho Omar, como de costume, recebeu-me muito bem, falamos dos tempos passados para quebrar o gelo e eu lhe contei da minha situação. Levou-me ao responsável pelo setor dos técnicos, o cara já conversou comigo, fez meio que uma entrevista, deixei um currículo com ele e obtive a promessa de que ele entraria em contato quando precisasse compor ou recompor seu quadro. Até hoje nada; mas eu tinha que tentar, até para ter a iliusão de que eu estava me mexendo – esperneando, na verdade.

Depois, fui à Diretoria de Ensino, falar com uma ex-diretora minha, que hoje é supervisora, tentar um afastamento da sala de aula para alguma função burocrática, conheço alguns professores a quem foi dada essa dádiva. Naquele momento, nem previsão de uma possibilidade, mas deixou anotado meu pedido.

Pois bem, eu já estava a me conformar – a pelo menos tentar – com minha sina de odiado, quando, no início de abril, a minha ex-diretora me liga e diz que surgira uma vaga no departamento financeiro da DE, que precisavam de alguém responsável, comprometido e que estivesse disposto a aprender o serviço. Perguntou se me interessava. Nem pensei, foi ato reflexo, respondi-lhe com um sonoro e tonitruante SIM. Claro que eu queria. Começaram, pois, os morosos trâmites burocráticos.

Então, na sexta-passada (26/04), o pessoal do RH da Diretoria entra em contato comigo e diz que eu começaria já na segunda-feira (29/04) em minhas novas funções, quiçá em minha nova vida. Não fiquei radiante, esfuziante, porque, primeiro, isso é coisa de viado, e, depois, porque nunca fiquei radiante por nada, é do meu temperamento. Mas fiquei muito contente, satisfeito, talvez até esperançoso.

Quando algumas pessoas mais próximas a mim ficaram sabendo, alegraram-se por mim, mas também externaram certas preocupações. Eu não teria receio de sair de minha zona de conforto, medo de que não pudesse dar certo em minhas novas atribuições? Ora, porra, quem, hoje em dia, de posse de suas plenas faculdades mentais é capaz de sugerir, de meramente sugerir, que sala de aula de escola pública possa ser uma zona de conforto? Zona de conforto é a casa da luz vermelha, a casa da dona Jacutinga. Sala de aula é zona de conflito, de guerra. 

Bem verdade também, é dito popularmente, que cachorro velho não aprende truques novos. Depende… não aprende se os truques velhos ainda lhe servirem e se prestarem à sua sobrevivência; os meus truques velhos estavam me matando. Claro que eu vou aprender o que for preciso, vou fazer dar certo, tenho do meu lado a força impulsionadora mais poderosa do universo, o desespero. Faço o que for preciso para não voltar à sala de aula.

Lembro de uma vez, isso foi lá por 2004, 2005, eu estava numa atribuição de aulas, conversando com um grupo de velhos professores enquanto esperava a minha vez e passou por nós um conhecido e boa praça supervisor. Um dos professores falou pra ele, e aí fulano, quando vai voltar pra sala de aula? O cara respondeu, eu lavo os banheiros da Diretoria se for preciso, mas não volto pra sala de aula de jeito nenhum. Na época, pareceu-me um tanto quanto exagerado. Hoje, compreendo-o totalmente. E estou disposto ao mesmo que ele estava.

Também me perguntaram se eu não me ressentiria de largar uma atividade dinâmica e interativa por uma totalmente burocrática e repetitiva. Primeiro que dinâmica e interativa são os nomes das bolas do meu saco. Atividade conflituosa, isso sim. Depois, burocrático é, sim, repetição. Não vejo nada de enfadonho na repetição, desde que ela produza os resultados desejados. Tenho TOC, gosto da repetição. Sou bom em repetição. Menos na cama, que aí estou uma lástima.

Outros ainda perguntaram se eu não sentirei falta do convívio com as pessoas, falta de gente. Aí é que eu gargalho até arrebentar as pregas do cu.

Terei algumas “desvantagens”. Passo a trabalhar 40 horas/relógio (de sessenta minutos) e não mais 40 horas/aula (de cinquenta minutos), o que dará uma diferença de quase 7 horas trabalhadas e, inicialmente, continuarei com o mesmo salário, a receber pela minha jornada integral de professor. Deixo também de ter os recessos escolares, passo a ser um trabalhador “comum”, com direito a trinta dias de férias ao ano. Mas nada disso, para mim, é prejuízo. Pelo contrário, só de trabalhar num ambiente de um silêncio sepulcral, climatizado, com tranquilidade para executar minhas tarefas, só de não ser agredido e desprezado diariamente pela escória moral, só de não ser olhado com cara de bosta por uma turba de caras de bosta, para mim, é um bônus, é um adicional salarial.

Comecei, portanto, há dois dias. Dois dias sem brigas, sem atritos, sem ter que chamar atenção de ninguém, sem ter que elevar a voz (na verdade, sem quase nem ter que falar nada). Sei que, com o tempo, as aporrinhações e os dissabores aparecerão, afinal, se trabalho fosse bom, assim não seria chamado. Vamos ver como as coisas seguirão seu curso daqui pra frente. De qualquer forma, estou mais aliviado, sem quase nada da ansiedade que se deitava e se levantava comigo.

Um novo começo? Como bom ateu, digo : Deus me livre. Quem, em sã consciência, passado dos cinquenta anos e já a bater nos sessenta, quereria um novo começo, passar por tudo de novo? Nem fodendo.

Espero que seja, sim, um novo fim.

Abaixo, a única recordação que guardarei de meus anos como professor, uma espécie de troféu, comenda, medalha, sei lá. Um apagador que me acompanhou de 2003 a 2019; depois da pandemia, vieram os impessoais quadros brancos (será que quadro negro é tido como racista hoje em dia?) e os pincéis atômicos à tinta. Pirografei meu nome e minha disciplina nele, mas não usando um pirógrafo tradicional, um pirógrafo nutella, leite com pera. Pirografei-o feito macho das antigas, quase que como um neandertal. Cada ponto de queimado foi feito com lente de aumento e um sol de rachar mamona.

O drone do Mito

Bolsonaro é  mito! Bolsonaro é pop! É multimídia! É multiplataforma! Bolsonaro é multifranquia!

Assim como os super-heróis Marvel do cinema, Bolsonaro tem seu nome licenciado nas mais amplas e variadas linhas de produtos. Há uma verdadeira Organizações Tabajara de artigos “Bolsonaro” destinados aos mais diversos fins e usos.

Bolsonaro é o sonho de consumo do brasileiro!

Bolsonaro é nome de um perfume lançado pelo maquiador, influenciador e machííííssimo Agustin Fernandez. Bolsonaro figura também nos rótulos dos vinhos da Brasileiro Store Wine LTDA, provando que ele é um presidente de boa cepa.

O catálogo Bolsonaro vai além, conta com calendários, canecas e tábuas de churrasco vendidas pela Bolsonaro Store, loja criada por seu filho Eduardo Bolsonaro.

Agora, a BR Dron, aproveitando a realização da AgriShow nesta semana, a maior feira agropecuária do país, lança sua linha de “Drones Bolsonaro”. São os Bolsocops!

O nome do presidente estampa a fuselagem de quatro modelos de drones, que monitoram e pulverizam as plantações contra as pragas da lavoura. O mais simples sai por R$ 96 mil e é capaz de pulverizar 12 hectares por hora; o mais caro, por R$ 197 mil, 21 hectares/hora.

É o monitorator-pulverizator Bolsonaro!

“Bolsonaro faz mais diferença que muito artista”, disse Uugton Batista, um dos sócios da BR Dron. Disse também que Bolsonaro se negou a receber os royalties pelo uso de seu nome. E a empresa está também a lançar pisantes com a grife do Cavalão : Chinelo Crocs Bolsonaro, Tênis Patriot Style e Botinas Bolsonaro.

Bolsonaro é a Gisele Bündchen do Agro!!!

Mas há quem diga que, no Brasil, as verdadeiras pragas da lavoura não são o bicudo-do-algodoeiro, a lagarta-da-soja, a broca-do-café, a mosca-da-fruta, a cigarrinha-da-cana-de-açúcar ou a vassoura de bruxa do cacau. Que o verdadeiro flagelo do produtor rural é a turma do MST. E eu tendo a concordar com ele.

Parafraseando o naturalista francês Saint Hilaire, ou o Brasil acaba com o MST ou o MST acaba com o Brasil. Isso, estenda-se ao PT e demais gosmentos tentáculos esquerdistas.

Por isso, corre à boca pequena que o monitorator-pulverizator Bolsonaro teria funções secretas, só reveladas em off para os seus seletos compradores. Que metralhadoras podem ser acopladas no lugar dos pulverizadores do monitorator-pulverizator Bolsonaro. Para fuzilar o MST. E a mira nem é de raio laser. É por GPS. Não erra um!

Pããããta que pariu!!!!!

O drone do Mito e abaixo uma imagem ampliada do seu nome na fuselagem.

É a mac(r)acolândia!!!

ia de regra, não assisto a remakes de filmes ou séries, a não ser que eu não saiba que o são.

Se assisti ao original, não quero correr o risco de que a nova versão corrompa e macule a memória afetiva que guardo do primeiro – elas já me são tão poucas. Se não assisti ao primeiro, considero deslealdade para com os roteiristas, diretores e atores originais, eu ter como única referência uma provável diluição e mesmo distorção de seus trabalhos e conceitos.

Assim posto, entre vários exemplos que eu poderia relacionar, eu não assisti ao Planeta dos Macacos de 2001, do diretor Tim Burton, embora eu muito aprecie a estética sombria e doente dele.

Assisti ao primeiro Planeta dos Macacos, lançado em 1968; contava eu, então, com apenas um ano de idade. Contudo, como naquela época um filme levava anos para ser transposto das telonas em technicolor para as telinhas ainda em preto e branco, eu deveria ter meus 7 ou 8 anos quando o filme passou a ser exibido no Primeira Exibição, na Sessão Coruja, na Sessão da Tarde.

Estrelado pelo atlético, galante e machíssimo das antigas Charlton Heston, conta as peripécias de um astronauta que desembarca num planeta em que, talvez (não me lembro se havia alguma premissa “científica em relação a isso) a Evolução seguiu um caminho diferente e dotou gorilas e chimpanzés de grande inteligência, capacidade de fala e habilidades inventivas. Os humanos viviam presos e escravizados; comunicavam-se guturalmente.

Depois foram gravados ainda mais duas películas : a Fuga do Planeta dos Macacos e De Volta ao Planeta dos Macacos. Mas só assisti ao primeiro. Lembro da franquia ter virado também uma série televisiva e ter ganho um título de HQ. Cheguei a ter um gibi, da antiga e extinta Editora Bloch, em que o macaco Cornelius dividia a edição com Ka-zar.

E nesse mundo em que vivemos, onde, pelo visto, a Mãe Natureza nos elegeu seus prediletos, haveria alguma chance, nem que fosse num futuro distante, Dela ver a cagada que fez, desistir de nós e contemplar, enfim, outros macacos com os atributos dos quais insistimos em fazer mau uso? Será que neste planeta, um dia, o cetro da hegemonia será passado a outras espécies de primatas?

Absurdo? Pois saibam, meus caros, que isso já está a acontecer. Não em escala global, longe disso, inclusive, mas pontualmente, sim.

Na cidade tailandesa de Lopburi, um exército de 3.500 macacos (aparentemente, babuínos) passou a dominar e a tacar terror nas ruas da localidade. Os macacos transitam livres pelas ruas, a cometerem seus saques e rapinas, e os moradores passaram a viver enjaulados em suas casas. Parcela significativa da população humana chegou a mudar para outras cidades, os que permanecerem construíram barricadas para proteger suas famílias e evitar a invasão de suas casas.

“Vivemos numa jaula, mas os macacos vivem do lado de fora”, disse à AFP Kuljira Taechawattanawanna, moradora de Lopburi. Ela acrescentou que precisa cobrir o seu terraço para evitar que a “multidão” invada a sua casa em busca de comida.

É o MST, o Movimento dos Símios da Tailândia.

A revolta dos macacos começou com a Peste Chinesa, em 2020. Antes da pandemia, Lopburi era um próspero centro turístico que oferecia aos seus visitantes, além de suas belas paisagens e templos, a possibilidade de interagir com os então graciosos macaquinhos. Os macacos rodeavam os turistas, faziam sua gracinhas, suas caretas, suas macaquices, enfim, e recebiam alimentos como recompensa dos turistas abastados, capitalistas e opressores.

Com a Peste Chinesa e o isolamento, o Bolsa-Turista da macacada acabou. A comida fácil, sem precisar pegar no pesado batente de uma selva, acabara. Não havia mais quem lhes desse uma banana a troco de uma momice. O que fizeram os macacos, então? Retornaram ao seu habitat natural? Voltaram a se balançar por quilômetros e quilômetros, de galho em galho, a procurar e coletar frutos, ou a caçar ovos de aves nos ninhos e gordas larvas na madeira podre?

Porra nenhuma! A macacada encomunistou de vez! Revoltados com a sociedade patriarcal simiofóbica, que nunca lhes deu oportunidade de serem alguém na vida, que sempre os explorou econômica e moralmente, os macacos, em uma plenária do sindicato, decidiram organizar o grupo terrorista MST, e saíram a barbarizar pela cidade, a invadir propriedades e furtar alimentos, a reivindicar seus direitos enquanto símios originários. Afinal, a sociedade lhes deve isso.

No início, os habitantes da cidade tentaram estabelecer um armistício e manter os macacos afastados, passaram a lhes fornecer restos de comida e junk food, mas o aceno de paz só piorou a situação. Como estavam dando alimentos muito açucarados aos macacos, isso só os tornou ainda mais hiperativos e com energia de sobra para mais se reproduzirem.

“Os alimentos açucarados podem aumentar a produtividade dos macacos e estimulá-los a reproduzirem-se mais”, disse Suttipong Kamtaptim, do Departamento de Parques Nacionais.

Mais agressivos e doidões e viciados em açúcar, passaram a promover verdadeiros arrastões em busca de alimentos. São os cracudos da sacarose.

É o Planeta dos Macacos. É a Mac(r)acolândia!

O comércio local também fechou suas portas, está praticamente extinto, os turistas evitam a cidade. A Prefeitura teve que estabelecer várias zonas proibidas para humanos na cidade, uma vez que essas áreas foram ocupadas por gangues de macacos rivais que lutam por território.

É a linha vermelha da macacada!

Fosse em outros tempos, tempos governados por machos, o prefeito já teria aberto a temporada de caça aos macacos, oferecido alguns bahts por cada macaco abatido e problema resolvido.

Mas em tempos de tolerância, direitos irrestritos e deveres inexistentes, os criminosos deitam e rolam. Igual aqui no Brasil. Os daqui só não têm rabos – ainda. Mas o Q.I. (de 83) já é o mesmo.

A macacada a tocaiar sua próxima vítima.

Ai, Meu Deus, Que Saudade da Zefa… Aquilo Sim é Que Era Mulher

Deu na coluna social do Blogson Crusoe, o J.B. do Jotabê, o eremita e único habitante do planeta da Solidão Ampliada, uma espécie de Pequeno Príncipe da blogosfera. 

Conta -nos, Jotabê, que, nessa hebdomada, ele e sua esposa completaram 49 anos de casório; 55 de relacionamento, a se contar o tempo de namoro.

Data e marca dignas dos mais altos louvores; ao menos, por parte daqueles que ainda acreditam na instituição do casamento e nela se arriscaram.

Jotabê narra como o casal se conheceu, os percalços enfrentados, fala dos filhos etc. E conclui :

“E como acontece com todos os casais, nesse tempo todo eu e ela tivemos várias brigas e desentendimentos, motivados muitas vezes por bobagens irrelevantes ou motivos mais sérios. Eu a decepcionei e magoei, ela me irritou, mas nada disso importa, porque ela sempre esteve ao meu lado, apoiando-me ou consolando-me quando eu mais precisei”.

Sempre esteve ao meu lado…

Filho da puta de nascença que sou, sem que minha mãe tenha qualquer culpa ou responsabilidade por isso, lembrei-me, na hora, de uma piada. Ou melhor, de um “causo” contado pelo saudoso Rolando Boldrin.

“O caipira, o matuto, estava em seu leito de morte, em seus últimos estertores, com a alma já encomendada e embalada para ser despachada. Ao seu lado, Zefa, fiel esposa e escudeira da vida inteira.

– É, Zefa, agora num tem mais jeito não, tô ino memo. 

– ‘Cê vai descansá, meu véio. 

– Pensando aqui na vida, ocê teve sempre do meu lado, Zefa. 

– Verdade, meu véio. 

– Lembra, Zefa? Um tiquinho dispiois que nós se casô, minha mãe morreu do coração. Como eu sofri, Zefa… E ocê tava ali, Zefa, sempre do meu lado.

– Sempre do seu lado, véio. 

– Aí dispois, que nóis já tinha feito nossa casinha, botado lá umas criação, prantado uma rocinha, veio aquele aguaceiro, aquela enchente e levô nossa casa e tudo as criação, num sobrô uma galinha, um porquim. E ocê tava ali, Zefa, firme e sempre do meu lado.

– Sempre do seu lado, véio. 

– Aí nóis lutemo, arribemo de novo e veio aquela seca braba… não coiemo um grãozim de feijão e de mio naquele ano, perdemo tudo. E ocê tava ali, Zefa, sempre do meu lado. 

– Sempre, véio, sempre do teu lado.

– Ói, Zefa, pensano bem agora, ocê me deu foi um azar disgramado nessa vida!”

Escitalopram

É bem verdade
(ou ilusão farmacoquímica)
Que quase já não sinto o mefítico da multidão que me rodeia onde quer que eu vá,
O futum de sua festiva ignorância,
O esterco moral que lhe é a vestimenta da moda,
Que lhe é a grife falsificada mais desejada.

E isso,
É bem verdade
(ou ilusão farmacoquímica),
Concede-me oásis momentâneos
De tranquilidade/tolerância
Durante as 24 cada vez mais longas horas do dia.

Por outro lado,
Já não sinto mais o cheiro sanguíneo
Do pôr-do-sol
A escorrer, a menstruar-se
Por cima do dia estéril.
Meu pau já não acorda para a buceta da madrugada.

Não sinto mais o coquetel alcoólico da mistura da chuva,
Com o asfalto esburacado,
Com o olor da padaria recém-aberta,
Com as flores caídas do ipê, da paineira e do jasmim
Que atravesso rumo ao meu ganha-pão.

Não percebo mais a garoa
A neblina,
O roxo da quaresmeira.
Fiquei daltônico
Para o alaranjado do flamboyant,
O branco do jasmim,
O amarelo da sibipiruna,
O azul da trapoeraba.

Fiquei blindado e insensível
À falta que ainda sentia de ti.
É bom andar sem ansiedades
Sem nós górdios no peito
Sem ânsias de vômito e de pranto.

Talvez pior
Andar sem as saudades de ti,
Sem perceber tuas cores
Sem te ter em minha imaginação
(Foi-se, a minha imaginação).
Sem te ver nas quaresmeiras, nos flamboyants, nos jasmins, nas sibipirunas, nas trapoerabas.
Fiquei daltônico também
Em relação a ti.

Um pouco de beleza, para variar (5)

A despeito, alheias, cagando e andando para a selva de pedra que tenta asfixiá-las, a Natureza e a Evolução contam com suas armadas de resistência, com seus exércitos de farda verde-clorofila. E infiltra seus comandados nos lugares mais inusitados e menos prováveis, como pequenos e discretos lembretes a nos dizerem : vocês passarão.

O belo pé de maracujá da foto abaixo nasceu à margem do asfalto, aos pés de um oitizeiro plantado ao concreto frio e impessoal de uma calçada. Começou tomando toda a árvore em rápida escalada, insaciável em sua sobrevivência e em se deitar e se espreguiçar sob o céu, estendeu seus ramos e gavinhas pela fiação telefônica adjacente.

Passo pela viçosa passiflora todos os dias rumo ao trabalho; não raro, surrupio algumas de suas folhas para um aconchegante chá noturno. E, agora, nessa semana, a bela trepadeira entrou no cio, virou “mocinha”, abriu-se em florada, descerrou suas pétalas para ser tomada, violada, fecundada pelas abelhas e outros pretendentes.

A flor do maracujá é chamada também de a flor da paixão – daí, do latim, o seu nome científico, Passiflora.

Discordo.

Nenhuma paixão humana é tão bonita e perfeita assim.

Tampouco tão fértil e frutificadora

Estilingue calibre .38

Estilingue, bodoque, atiradeira, baladeira etc. Provavelmente, um dos artefatos defensivos/ofensivos mais antigo pensado pelo homem. Uma vez, vi num documentário que foram achados estilingues num sítio arqueológico na Turquia, com idade estimada entre 6 e 8 mil anos. 


De fato, é muito simples. Uma forquilha – de goiabeira ou de jabuticabeira, de preferência – com uma tira elástica atada a cada uma de suas extremidades e unidas, estas tiras elásticas, a uma tarjeta retangular de couro nas suas outras pontas. O projétil é colocado no couro, as tiras são retesadas,  a mira, feita e pronto, lá vai pedrada.
Tive vários estilingues quando em moleque, até os meus 12, 13 anos. A gente procurava e cortava uma forquilha, comprava meio metro de garrote de látex numa farmácia (às vezes, tiras cortadas da câmera de ar de um pneu velho), pegava a “língua” de um sapato já sem uso e tava feito o estilingue.
Verdade seja dita, nunca fui bom de pontaria. Nunca fui bom em nada, aliás; por que teria a precisão de um atirador de elite?Passarinho, nunca matei. Atirava em latas, garrafas, tentava derrubar manga madura do pé, travávamos guerras de mamona, o paint ball da época.
Até o dia em que minha estimada irmã me flagrou quebrando a lâmpada de um poste com uma bodocada. Delatou-me aos meus pais, tomei uma coça, tive meu estilingue confiscado e nunca mais me permitiram ter um outro.
E não é que agora, em tempos de guerra na Ucrânia, na faixa de Gaza e de mais de 50 mil homicídios anuais no Brasil, um vereador do Paraná está preocupado com a letalidade do estilingue, da lúdica atiradeira, querendo até legalizar o seu porte?
O caso está a se desenrolar na cidade paranaense de Ponta Grossa, localidade que, a julgar pelo nome, nunca irei visitar, preferindo fazer um desvio e entrar em Curralinho, também no Estado das Araucárias.
Um projeto de lei foi protocolado na valorosa Câmera dos Vereadores e poderá, inclusive, punir o cidadão que portar um estilingue sem regulamentação. O nobre edil proponente do projeto coloca que o cidadão que queira ter um estilingue seja filiado a alguma associação, liga ou federação. 
Além disso, deverá estar sempre de posse de um documento oficial que o autorize ao porte de tal artefato bélico. É a CNE! A CNH do estilingue!Caso seja aprovado, a Prefeitura de Ponta Grossa irá criar um órgão responsável pela fiscalização e aplicação das penalidades.
Qual será o nome desse vereador?  Vereador Rolinha? Pardal? Tiziu? – Com a palavra agora – anuncia o Presidente da Câmera -, o vereador Tiziu!Pããããããta que o pariu!!!
Será que o cara terá que fazer curso de tiro ao pombo para ganhar sua habilitação oficial? Exame psicotécnico que o declare apto a carregar um estilingue? Serão criadas bodoque-escolas com aulas práticas e teóricas? Acertar uma janela, perde quantos pontos na carteira? O cara terá que ir à DP mais próxima e pedir uma negativa de antecedentes criminais, terá que apresentar uma “capivara” limpa?
Como será definido até que calibre o estilingue se prestará a uso recreativo e a partir de qual, ele passa a ser de uso exclusivo das forças policiais e militares?

– Olha, meu senhor, a sua habilitação é Classe A, a qual o autoriza a atirar pedras de até 2 cm de diâmetro.O sujeito entra numa divisão da PF e é atendido pelo gentil meganha de plantão :

– Pois não, cidadão, o que posso fazer pelo senhor?

– Vim tirar meu porte de arma pra estilingue.E leva uma coronhada na testa! E com razão.
O projeto de lei é do ocupadíssimo deputado Dr. Zeca, do União Brasil.
É como bem disse, certa vez, Roberto Campos, eminente economista, professor, escritor e diplomata : “o Brasil não corre o menor risco de dar certo”.